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Jovens endividados

Escrito por Augusto Bernardo Cecílio

É cada vez maior o número de jovens endividados aqui no Brasil. As razões vão desde a falta de uma educação financeira e orientação dos pais (que muitas vezes sequer tiveram informações sobre o assunto), passando por vivermos num país extremamente consumista, além da facilidade do crédito, da falta de experiência ao lidar com o dinheiro e do impulso ao dquirir produtos que não seriam necessários para aquele momento.

A situação não é fácil. A vaidade juvenil aliada à enxurrada de propagandas nos meios de comunicação e nas redes sociais, além das influências dos amigos e do grupo de influência, faz com que a família também caia nessa armadilha.

Tudo tem que seguir o que dita a moda: o mais sofisticado celular, o tênis que acabou de ser lançado, roupas e bolsas de marcas famosas, e por aí vai, só porque o amigo ou alguém da “turma” está usando. Assim a situação se complicada para organizar e controlar as finanças, os primeiros salários ou a mesada.

Isso pode virar uma bola de neve, sendo inevitável o endividamento e a frustração. O pior é que jovens sem orientação poderão ser péssimos gerenciadores de suas vidas na fase adulta. Os grandes centros comerciais estão cheios de “adultos” fazendo farra com cartões de crédito, gastando muito além do que ganham e dando um péssimo exemplo para os mais novos.

O educador financeiro Reinaldo Domingos alerta que a maioria dos jovens, por terem dinheiro nas mãos, acredita que pode adquirir tudo o que antes era impossível. Muitos se lançam em longos parcelamentos ou entram em outras linhas de crédito e não se preocupam em construir o futuro, não pensam na estabilidade financeira, numa vida sem atropelos, numa tranquila aposentadoria.

Ao contrário de aventurar, é fundamental aprender a planejar para realizar sonhos e objetivos, saber o quanto eles custam, quanto tempo levará para realizá-los, e, principalmente, quanto dinheiro será reservado mensalmente.

Para tanto, o referido educador elaborou uma rotina financeira para os jovens ficarem livres de dívidas. E o primeiro passo é diagnosticar anualmente as finanças e distinguir o essencial do supérfluo, saber o que é consumismo, avaliar criticamente o marketing publicitário e tomar cuidado com o crédito fácil.

O segundo passo é sonhar a curto, médio e longo prazos, saber a diferença entre desejo imediato e sonho verdadeiro, definindo prazos para a realização de cada sonho, além de priorizar os sonhos no orçamento, guardando dinheiro.

Orçar também é muito importante. Nunca gastar mais do que se ganha, ter sempre uma reserva para situação de emergência, pedir descontos e comprar à vista somente o necessário, sempre respeitando o orçamento.

Finalmente, a dica sobre a poupança, pois poupar mensalmente parte do que se ganha faz parte da realização dos sonhos de qualquer pessoa, evitando sempre o pagamento de juros altíssimos dos cartões de crédito e dos cheques especiais, além de dar preferência a investimentos de baixo risco. E por estar cada vez mais difícil de se ganhar, os jovens tem que respeitar e dar valor ao dinheiro, poupando tanto quanto for possível, de forma responsável e consciente.

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Sócios da Sonegação

Escrito por Augusto Bernardo Cecílio

Em agosto deste ano a Campanha Nota Fiscal Amazonense completa oito anos. Hoje colhemos os frutos de mais de 508 mil cidadãos cadastrados, mais de 33 mil prêmios sorteados e quase 300 milhões de notas emitidas com o CPF. O número de estabelecimentos emitindo a nota saltou de 6.500 para mais de 11 mil empresas. Mas nem sempre encontramos flores.

Sofremos com a falta de propaganda e passamos praticamente seis meses só rebatendo boatos e mentiras plantadas na Internet e nas redes sociais. Algo muito ruim para quem busca criar na população o hábito de se pedir a nota, combater a concorrência desleal e aumentar a arrecadação.

Implantou-se no Brasil – onde quer que tenha a campanha CPF na nota – a mentira de que haveria cruzamento de informações da Sefaz com a Receita Federal do Brasil. Ora! A Sefaz não quer saber quanto você ganha, quanto gasta ou o que compra. Quer saber quem vende sem nota fiscal, pois emitir a nota é uma obrigação do empresário.

Quanto mais se compra, mais se arrecada, mais teremos verbas para aplicar em educação, saúde, segurança, saneamento básico, enfim, em coisas boas para a sociedade.

Muitas pessoas têm coragem de ir às ruas com faixas e cartazes gritando por transparência e contra a corrupção, mas têm medo de colocar o CPF na nota. É estranho ver pessoas se negando a colocar o CPF na nota ou a pedir o documento fiscal. Tremenda bobagem!

Corrupção e sonegação são irmãs gêmeas, são crimes e não prestam para o nosso país. Os que não pedem a nota e os que não emitem o documento fiscal são sócios da sonegação e contribuem diretamente para que faltem leitos em hospitais e vagas em escolas públicas. Os que plantam boatos e replicam mentiras nas redes sociais também não prestam.

É ruim ver pessoas “letradas” e formadoras de opinião passando notícias falsas, por desinformação, ignorância ou má fé. Soube de advogados e professores universitários plantando o medo aos que querem participar. Tramar contra a campanha é tramar contra a sociedade e a favor dos sonegadores.

Pior que isso é ver servidores públicos não pedindo a nota, sabendo que os seus salários vêm da arrecadação. Vale dizer que nada cai do céu e que o dinheiro que o Estado arrecada passa pela emissão da nota fiscal. Quantos são os servidores públicos? Quantos professores, policiais, juízes, promotores, médicos, estagiários e terceirizados existem no Amazonas? Quantos alunos da Seduc, Semed, Ufam, e UEA existem? Pois é! Se cada um fizesse a sua parte, certamente não teríamos problemas com a arrecadação.

O errado é pensar que isso é problema da Sefaz, quando na verdade é dever de todas as repartições públicas, nos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. É ruim ver um prefeito não pedindo a nota, já que 25% do ICMS são rateados mensalmente entre todos os 62 municípios do Estado. É ruim ver um juiz ou um deputado almoçar ou jantar e não pedir a nota, porque recebem os repasses constitucionais religiosamente.

Quem age dessa forma é parceiro, sócio e cúmplice da sonegação. No Chile, por exemplo, você não precisa pedir. A nota é emitida automaticamente, até na venda de um picolé. E o Chile é pequeno diante do Brasil, mas gigante em cidadania. Temos muitas conquistas em Copas e muitas medalhas olímpicas, mas perdemos de goleada no quesito cidadania. E isso é ruim pra todos.

Enfim, o poder da ignorância se agiganta e as redes sociais fazem com que a calúnia, a difamação e a mentira grudem nas pessoas fracas. Realidades são distorcidas, valores são invertidos, e isso não é nada bom.

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Queimadas

Escrito por Augusto Bernardo Cecílio

O aumento das temperaturas no Mundo é uma realidade incontestável. Furacões, tsunamis, enchentes, falta d’água, seca excessiva, desertificação são algumas das consequências visíveis desse processo. Fenômenos cada vez mais intensos e constantes que dão uma nova conformação à relação homem/natureza.

Debruçados sobre as possíveis causas para esses fenômenos, os pesquisadores são unânimesem afirmar que a floresta amazônica tem um papel fundamental na regulação do clima mundial. Somente por esta razão, o Brasil já deveria estar, há muito, ocupando uma posição de destaque em relação às demais nações do Planeta tanto no aspecto das pesquisas voltadas para o conhecimento da nossa biodiversidade como também em relação à garantia de preservação das nossas florestas. No entanto, um componente ameaça essa condição: o fogo.

A perda de floresta, gerada pelo processo avassalador de desmatamento e a queima criminosa, leva para a atmosfera uma quantidade descomunal de gases poluentes. Gera poluição! Esta mesma poluição que, inclusive, pode ser sentida e respirada pela população de Manaus nos meses de setembro e outubro, quando se intensifica o calor do verão amazônico, e milhares de hectares de florestas põem-se a queimar, deixando de cumprir o seu ciclo natural e o seu papel de sequestradora de Carbono, passando a ser fonte de propagação de poluentes que contaminam e matam.

Todo e qualquer esforço realizado no sentido de mudar esse quadro é bem-vindo, louvável e urgente. No âmbito da cidade de Manaus bem como nas sedes dos municípios, temos visto e sentido os efeitos dos grandes focos de queimadas registrados no Interior do Amazonas e outros Estados da região. Aqui, na cidade de Manaus, a cultura da queima dos resíduos ainda persiste, com o agravante das invasões onde o fogo é utilizado como meio mais eficaz e rápido de destruição.

As invasões, que muitas vezes se multiplicam nas proximidades das eleições, devem ser encaradas e tratadas como crime, tanto ambiental quanto no sentido da agressão ao direito do verdadeiro proprietário, que muitas vezes é o próprio estado ou município. Por outro lado, ainda é muito lento o processo de brecar a ocupação irregular, bem como a devida reintegração de posse. Neste espaço de tempo, a destruição já foi feita, sem que os culpados sejam punidos.

O acompanhamento realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) nos permite, em tempo real, saber onde estão e quantos são os focos de queimadas, principalmente aqueles que produzem nuvens gigantescas de fumaça que estacionam sobre nossa capital Manaus.

Campanhas estratégicas como as de sensibilização e formação de agentes multiplicadores são uma maneira eficaz de se atingir essa meta de mudança de comportamento. No âmbito das políticas municipais, o atendimento de denúncias registradas junto aos órgãos ambientais e a parceria efetiva com o Corpo de Bombeiros são fundamentais para o combate.

Dentro dessa premissa, estreitar a relação entre os órgãos e dar-lhes condições de agir de forma integrada configuram estratégias exitosas de atuação. Acredito num trabalho articulado que permita debelar grandes focos, contando com o apoio da Polícia Militar para garantia dos nossos bravos combatentes.